CIRURGIA BARIÁTRICA: UM CASO PARA REFLETIR!

28/11/2013 17:57

CIRURGIA BARIÁTRICA: UM CASO PARA REFLETIR!!

           

O número de cirurgias bariátricas feitas no Brasil chegou a 72 mil em 2012, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O avanço das técnicas, a diminuição dos riscos, a difusão da cirurgia e das informações relacionadas a ela, fazem com que cada vez mais médicos passem a encaminhar pacientes para o procedimento. O fato é que a cirurgia bariátrica é de alta complexidade, exige sacrifício, disciplina na dieta, mudança comportamental, prática regular de atividade física e acompanhamento médico pelo resto da vida. Sem isso, o obeso pode trocar uma doença grave por outra (desnutrição crônica) e voltar a ganhar peso. 

 

Os pacientes que fizeram a cirurgia estão mais sujeitos a alterações importantes como: distúrbios metabólicos, depressão, alcoolismo, uso de drogas, etc. Isso sem falar nas intercorrências cirúrgicas que podem ocorrer: lesões vasculares, lesões intestinais, hemorragias e complicações anestésicas. Falar sobre os riscos da cirurgia bariátrica causa certo desconforto aos que já se decidiram pelo procedimento. A justificativa mais comum, quase universal, é a de que "toda cirurgia tem risco". 

 

Particularmente não sou contra a "redução de estômago", mas deve ser indicada com extrema cautela.  Essa cirurgia deve ser indicada na seguinte situação: Indivíduo  com um peso corporal acima de 150 quilos,  diabético, hipertenso, realizou  todas as alternativas clínicas, como endocrinologia, nutricionista, psicólogo, e não obteve êxito. Na verdade em muitos casos não é o estômago que precisa de cirurgia, mas sim "o cérebro". Veem-se pessoas agendando cirurgias com graus de obesidade facilmente reversíveis com um correto acompanhamento nutricional e programa de exercícios. 

 

Mais do que a sensação de fome, o sentimento de descontrole é o principal sabotador da perda de peso. Pessoas que poderiam emagrecer com métodos tradicionais recorrem á cirurgia bariátrica em busca de um emagrecimento rápido. Tenho um caso na minha família de uma pessoa “gastroplastizada”, e de fato, a cirurgia provoca uma grande perda nos primeiros 12 meses. Em média, depois de dois anos, a balança se estabiliza, passados três ou quatro anos, a pessoa pode até engordar se não mudar os hábitos, seu estilo de vida. 

 

Ninguém chega ao estágio da obesidade mórbida em meses. Normalmente, são anos e anos "pensando gordo", comendo de maneira errada e em excesso. Mudar esse processo leva tempo. Talvez a palavra chave seja PACIÊNCIA. A "redução de estômago" não é uma solução mágica para todos os problemas. Com ou sem cirurgia, é preciso manter o foco na saúde, buscar formas corretas de se alimentar e praticar atividades físicas. 

 

Na ansiedade de ver os números da balança baixando, muitos se esquecem da importância de perder gordura, preservando a massa magra. Por isso quem quer emagrecer sempre recomendo a prática da musculação associado a correta atividade aeróbica e nutrição adequada. É importante também a realização de exames para verificar a saúde hormonal, que pode causar alterações na composição corporal, e tentar reverter esse estado de excesso com força de vontade, disposição, a razão é muito mais psíquica do que parece.

 

Já ouviram falar sobre zona de conforto? Não? Pois é, isto significa que a pessoa se acostuma com uma rotina que se torna confortável para ela, não precisa de esforços para fazer nada, e esse é o grande problema, nunca fique na zona de conforto. A única forma de mudar é força de vontade e colocar na cabeça que preciso disso, que minha filha, minha mãe, precisam de mim, preciso estar bem. Na verdade praticar exercícios resistidos (musculação) não é prazeroso pra ninguém, isso porque saímos da zona de conforto, musculação é  doloroso, é sacrificante, ainda mais quando é intenso, mas a endorfina que é liberada devida essa pratica torna-nos com o sentido de dever cumprido. O que muitos não sabem é que o corpo leva 30 dias aproximadamente para começar a se adaptar a uma nova rotina, e são exatamente esses 30 dias o pior, os mais sacrificantes, por isso é difícil, mas é o foco que manda, temos que ter foco no que queremos, nada vem de graça.

Outro grande  problema é que em várias academias o obeso é tratado como doente, sendo induzido a caminhar na esteira três vezes na semana à 1 km/h ou fazer circuitos que não preconizam a individualidade biológica. Quando busca ajuda no campo alimentar, muitas vezes o obeso é induzido a manter dietas muito restritivas à base de biscoito de água e sal com geleia diet. E ainda, para piorar, muitos médicos prescrevem anorexígenos como se fosse a grande solução, sem qualquer tipo de reeducação alimentar em conjunto! Pudera tamanho fracasso na obtenção de um emagrecimento adequado!

 

De acordo com o Ministério da Saúde, das 72 mil cirurgias realizadas no ano passado, apenas 6.029 foram feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para reduzir o tempo de espera por uma cirurgia bariátrica, no início deste ano, o governo reajustou em 20% o valor médio repassado pelo SUS para cobrir honorários médicos e serviços hospitalares em cada procedimento. O "enorme esforço" do governo é louvável, mas não podemos nos esquecer que a obrigação do Estado é criar condições para que a população não precise fazer cirurgias bariátricas. Investir em políticas públicas para evitar a obesidade mórbida e melhorar a educação nas universidades, para promover melhor formação para os profissionais de educação física e nutrição saberem lidar com essa situação em seu cotidiano profissional.

 

“...Obesidade se resolve com uma adequação na alimentação associada a uma rotina de atividade física adequada! Uma composição corporal saudável é a consequência de um estilo de vida saudável! Não existem milagres!...”